1. Introdução
O
maior conflito de muitos educadores atualmente, ainda é a dificuldade em
trabalhar com a heterogeneidade nas salas de aula, principalmente quando se
refere à inclusão de crianças com problemas de aprendizagem. Ana Gómes e Nora
Terán, no livro Dificuldades de Aprendizagem nos esclarecem:
Os problemas de aprendizagem procedem
essencialmente da capacidade de conceitualizar e processar a informação, assim
como do desenvolvimento das destrezas. As habilidades afetadas com maior
frequência são: leitura, escrita, processamento auditivo e da fala, raciocínio
e matemática. (2009, p.7)
O
que percebemos como problemas de aprendizagem, são causados por diferenças no
funcionamento cerebral. Ou seja, as crianças com problemas de aprendizagem não
são burras ou preguiçosas, geralmente estas possuem um nível similar ou
superior às outras pessoas. A questão encontra-se na razão de que seus cérebros
possuem formas diferentes de processamento das informações.
Analisando
as afirmativas acima, podemos chegar à conclusão de que o fato de determinadas
crianças processarem o conhecimento de formas diferentes não tornam tais
crianças incapazes.
12. Aprendizagem
O
sujeito aprende através do seu corpo, suas emoções, sua capacidade intelectual
e seu esquema referencial. “Ao aprender o sujeito descobre a si mesmo ao
distinguir-se como um eu diferente dos demais e do mundo” (Gómes e Terán p.85).
A
primeira interação do sujeito com o mundo acontece através da intermediação de
sua mãe. Onde, através dos cuidados maternos, como a amamentação e a
higienização, a mãe apresenta para a criança o seu primeiro eu: o eu corporal.
Aos
poucos o bebê vai percebendo os objetos que o redeia, o não - eu. “O objeto
adquire significado na consciência, mediante as relações e a possibilidade de
categorizá-lo para que este seja compreensível” (Gómes e Terán p. 85). Assim,
nesta interação do bebê com a mãe e com os objetos que a rodeiam, este
estrutura suas capacidades individuais e sua atitude frente ao mundo,
assimilando e acomodando essas novas informações: Aprendendo.
3. As
crianças com problemas de aprendizagem nas salas de aula.
Reconhecemos
a importância da intervenção pedagógica na construção do conhecimento dos
sujeitos. Pois, é o professor que acompanha o raciocínio dos educandos e media
a sua interação com o objeto, ajudando-o a dar sentido e significado a este
objeto de investigação.
No
entanto, o grande desafio atualmente das Unidades escolares refere-se a real
inclusão das crianças com problemas de aprendizagem. Ao observar o cotidiano de
uma sala de aula, fica visível o quanto sofre esta criança, muitas vezes vista,
pelo professor e pelos colegas, como lenta.
Estas
crianças sofrem por não conseguirem realizar as mesmas atividades que os demais
colegas, assim como, com a desvalorização que percebe no olhar do outro: “o
fracasso toca o ser íntimo e o ser pessoal da pessoa, levando em consideração o
lugar que tem o sucesso social no mundo em que vivemos hoje” (Gómes e Terán
p.91).
Essas
crianças são encontradas em todas as salas de aula: indivíduos que tem
capacidades necessárias, mas que não conseguem atingir o mesmo rendimento dos
demais colegas, pois não processam o conhecimento da mesma maneira. Será que o
problema de aprendizagem é uma dificuldade inerente do aluno e que a escola não
tem nenhuma responsabilidade?
4. O
papel da escola
Ambientes
pedagógicos saudáveis tem uma funcionalidade terapêutica e vigorosa para as
crianças com problemas de aprendizagem. Pois é perceptível o desenvolvimento
destas crianças quando imersas num ambiente acolhedor que conhece e avalia cada
um de seus educandos de forma qualitativa e não quantitativa, sempre
valorizando o que este já aprendeu e não o que ainda não sabe. Gómes e Terán
nos relatam:
O futuro destas crianças está nas mãos
das pessoas que estão ao seu lado na aprendizagem; a confiança em si mesma, a
capacidade de tomar decisões, a habilidade para resolver problemas, a
autonomia, a motivação para atingir objetivos dependerá da forma como elas
foram apoiadas. (2009, p. 194).
Assim,
o principal papel das instituições de ensino, é auxiliar as crianças com
problemas de aprendizagem a perceberem o seu potencial e suas capacidades,
reconhecendo que todas as pessoas possuem maneiras próprias de aprender “e que
sua energia pode ser encaminhada para encontrar estratégias adequadas para sua
aprendizagem, ao invés de buscar formas de esconder suas dificuldades” (Gómes e
Terán p. 193).
Portanto,
a partir dos argumentos citados acima, fica claro que estes educandos
necessitam de um ambiente educacional seguro e estimulante, onde os erros sejam
permitidos e identificados como o caminho para o acerto.
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